LLMs não tem "skin in the game"

Principais Pontos
  • LLMs geram código rapidamente, mas não assumem responsabilidade pelos resultados ou consequências
  • Estudo do METR mostra que desenvolvimento assistido por IA pode ter aumentado o tempo total de desenvolvimento
  • Profissionais experientes sabem que entregar software mal feito é um tiro no pé a longo prazo
  • Os verdadeiros gargalos continuam sendo code review, testes, debugging e coordenação entre equipes

LLMs não tem "skin in the game", então você precisa assumir a responsabilidade.

Começo a síntese da semana trazendo um estudo do METR sobre a performance no desenvolvimento de software assistido por IA em projetos open source. Os resultados mostram que o tempo total pode ter aumentado.

Obviamente que é um estudo inicial, com poucos devs sem usar os modelos mais potentes, mas a sensação que eu fico é que, de fato, nós passamos a entregar código mais rápido, mas demoramos mais para garantir que funciona mesmo.

O que "skin in the game" significa na prática

A minha opinião é que, mais do que apenas escrever código, precisamos garantir que ele funcione. Isso está alinhado com o argumento de que escrever código nunca foi o verdadeiro gargalo.

Por mais que os LLMs gerem código rapidamente, alguém precisa ter "skin in the game". Um humano precisa assumir a responsabilidade de que o software entregue:

  • Atende aos requisitos estabelecidos
  • Funciona de fato em produção
  • É seguro e não introduz vulnerabilidades
  • Pode ser mantido pela equipe

Profissionais experientes sabem que entregar software mal feito ou com problemas invisíveis é um tiro no pé, daí a necessidade de gastar mais tempo fazendo code review, testando, documentando etc.

Insight

"O maior custo do código está em entendê-lo — não em escrevê-lo." Pedro Tavares

Os verdadeiros gargalos permanecem

Pedro faz uma análise muito interessante no artigo "Writing Code Was Never the Bottleneck", enfatizando que escrever código nunca foi o gargalo. Os verdadeiros limitadores sempre foram:

  • Code reviews
  • Transferência de conhecimento
  • Testes
  • Debugging
  • Coordenação entre equipes

LLMs podem acelerar a implementação inicial, mas não resolvem os aspectos colaborativos fundamentais da engenharia de software.

O futuro ainda é sobre amplificação, não substituição

Nesse mesmo sentido, recomendo a leitura do artigo "The Uncertain Future of Coding Careers and Why I'm Still Hopeful" que fala sobre as incertezas do momento atual e do futuro das carreiras de desenvolvimento de software.

A perspectiva do autor é equilibrada: sim, existem ansiedades legítimas, mas o futuro não trata de substituição, mas de amplificação. Programadores prosperarão como "pastores" de agentes de IA, fornecendo contexto e orientação estratégica, revisando, testando, guiando.

Cuidado
  • Velocidade vs Qualidade: Código gerado rapidamente pode introduzir bugs sutis e problemas de manutenção
  • Falsa sensação de produtividade: Mais linhas de código não significa necessariamente mais valor entregue
  • Responsabilidade: É fácil culpar a IA quando algo dá errado, mas não se esqueça que a responsabilidade será sempre sua

Conclusão

O estudo do METR sobre desenvolvimento assistido por IA corrobora o que muitos profissionais experientes já suspeitavam: a velocidade de geração de código não é o fator limitante na produtividade de desenvolvimento.

Enquanto LLMs podem ser ferramentas poderosas para acelerar certas tarefas, eles não podem assumir a responsabilidade pelo software que ajudam a criar. Essa responsabilidade - o "skin in the game" - permanece fundamentalmente humana.

Assim como não culpamos o martelo por martelar no lugar errado, não podemos culpar a IA pelo código que ela gera. A ferramenta é neutra; a responsabilidade pelo seu uso adequado é sempre de quem a empunha. LLMs são martelos muito sofisticados, mas ainda assim são ferramentas que dependem da perícia e julgamento humano para serem usadas efetivamente.

A chave é entender que nossa função está evoluindo: de escritores de código para curadores, revisores e responsáveis pela qualidade do software. E isso, ironicamente, pode significar que passamos mais tempo garantindo que o código funcione do que gerando código.


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